sábado, 9 de maio de 2020

Canto meu



Para Lúcia Helena Lemme Weiss, no seu aniversário

Eu queria ter o cântico das flores
Que transforma em pétalas as cores
Num coro de perfume cintilante
E soar como a nuvem lá no alto
Pondo notas de luz em sobressalto
No rumor da chuvada transbordante

E poder entoar como o regato
O canto maternal doce pacato
Que fala do ter alma ao peixe mudo
E possuir o eco majestoso
Do hino imaterial silencioso
Que cada pedra e astro espraia em tudo

Queria para mim a voz de todo o ser
Para mim a canção do seu viver
Com a força do simples existir
O auge do que é uno elementar
Do que em si mesmo encontra o seu lugar
Sem ânsia de voltar nem de partir

Porque se eu ergo a voz para cantar
É a vida que toma o meu lugar
Celebrando o seu reino em toda a parte
E o canto nem é meu nem de ninguém
É dela querendo ir ainda além
Tornar-se sem medida enquanto arte

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