Para o Luís Pedro Fonseca,
pelo que, em todos nós, a
adolescência é perene.
Hoje,
deixa-me ficar
Aqui,
no quarto, sozinho.
Baixa
o estore devagarinho,
Fecha
a porta de mansinho
E, a
quem te perguntar
Onde
eu estou ou possa estar,
Diz
que me pus a caminho.
Que
fui em busca de mim,
Não
sei se longe se perto,
Se no
mar se no deserto,
Se a
sonhar ou se desperto,
Se no
princípio se ao fim
De
quem sou ou ao que vim,
No
que é seguro ou no incerto.
Que
não sabes como o faço,
Se
com prazer se com dor,
Com
preguiça ou com suor,
Calmamente
ou com ardor,
Se
progrido a cada passo
Ou se
é à força de braço
Que
abro mundo em meu redor.
Que,
ao regressar, porventura,
Depois
de cumprido ou feito,
Traído
ou, até, desfeito
Aquilo
a que me respeito,
Não
trarei nem amargura
Nem
tristeza, só ternura
P’la
vida a bater no peito.
Mas
se, ao voltares da rua,
Me
encontrares ainda aqui,
Descobrirás
que o que vi,
Quis,
soube, amei, pressenti,
Foi o
que uma praia nua,
Entre
o horizonte e a lua,
Sussurrava
sobre ti.
2012