(após um
diálogo ouvido, entre dois seminaristas,
sobre a
incompatibilidade entre o bem e o barulho)
O bem nunca faz barulho.
Discreto,
determinado,
É
como onda sem marulho
Que
alastra por todo o lado.
Surge
puro, sem motivo,
Do
mais profundo da alma,
Com
força de imperativo
Que
só, ao cumprir-se, acalma.
É
convicto e está seguro,
Na
sua recta intenção,
De
servir como senhor
De
sentimento e razão.
Faz,
do outro, outro de si.
Dá-lhe
a sua própria vida,
Numa
cadência imparável
Rumo
à Terra Prometida.
Espontâneo,
firme e humilde,
Barulho
não lhe faz bem,
Não
o estraguem a maldade
E
a inveja que o mundo tem.
Mas
depois, feitas as obras,
Sabe
bem um barulhinho…
Já
podes gemer mais alto
Sem acordares o vizinho.
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