Tem
o cabelo pintado
de
um sol de negro azeviche,
com
chamas vermelho-louco
de
um inferno muito fixe.
Cravou
um piercing na língua,
um
clip na sobrancelha,
mais
uma argola no lábio
e
outras cinco em cada orelha.
Vai
chocalhando a pulseira
de
pedras do Oriente
em
forma de cascavel
quando
quer ferrar o dente.
Mesmo
ao cimo do decote,
pisca
que pisca um sinal
que,
em horas de menos sorte,
nunca
a deixou ficar mal.
No
ombro, leva um falcão,
na
mão, um gato francês.
À
perna, prendeu o cão
que
lhe morreu há um mês.
Atira
para a sargeta
um
restinho da memória,
que
enrolou numa mortalha
p’ra
perfumar certa história.
Mandou
calar o Universo
e
até o deus que lhe acode
fica
em silêncio, p'ra que ela
se
oiça a mascar iPod.
A
sua bota bicuda
pisa
de alto a avenida.
Toda
a calçada saúda
o
passeio que faz da vida.
De
arrasar o Festival
Beira-Tejo,
poderosa,
segura,
vai Leonor
para
a Fonte Luminosa.
Sem comentários:
Enviar um comentário